Os jogadores de podem baptizar, treinar, alimentar e acasalar pombos numa comunidade virtual com mais de 4.000 utilizadores
Ivan Silva, programador informático de Santa Maria da Feira, criou um mercado de pombos na Internet. Os jogadores podem baptizar, treinar, alimentar e acasalar pombos numa comunidade virtual com mais de 4.000 utilizadores.
Às quartas-feiras e domingos, há competições no Pigeonsmanager, o único jogo de columbofilia do mundo. Antes disso, há muito a fazer: escolher a melhor alimentação, tratar da saúde, escolher a intensidade dos treinos e acasalar os pombos se for caso disso.
Ivan Silva, 32 anos, de Santa Maria da Feira, programador informático e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, criou um jogo traduzido em nove línguas. Os columbófilos virtuais podem competir online, acompanhar a chegada dos pombos em tempo real e trocar opiniões num chat. Tudo à distância de um clique. Único no mundo com neurónios portugueses.
Em 2003, três anos depois de criar um portal dedicado à columbofilia, a ideia de construir um jogo para a comunidade dedicada aos pombos andava a matutar na cabeça. “Comecei a ver que havia uma interessante comunidade de columbofilia na Internet”, recorda. Ivan andava entusiasmado com jogos de tácticas e estratégias. O pai, columbófilo, com pombal e um negócio do sector, deu-lhe dicas importantes. Mas o projecto ficou a marinar oito anos.
Nessa altura, Ivan entrava no curso de Ciência dos Computadores, na universidade onde agora faz investigação, e as oportunidades de trabalho puseram a licenciatura em banho-maria. O tempo passou, mas a ideia nunca morreu. O ano de 2011 foi decisivo: acabou o curso e, em quatro meses, criou o jogo virtual de columbofilia. Em Agosto, estava tudo pronto.
A experiência do portal deu-lhe bastante confiança. Ivan sabia que o jogo iria ter sucesso. “Sinceramente estava à espera. Sabia que seria um jogo extraordinário pelo facto de não existir nada igual”, confessa ao P3.
Vamos aos números: mais de 4.000 jogadores registados, 3,5 milhões de visualizações por mês, 200 utilizadores online nos dias de competição. Portugal está à frente com 45 por cento dos utilizadores. A Alemanha surge a seguir com 12 por cento e o Reino Unido com 11. Aqui ao lado, Espanha tem oito por cento de jogadores, Roménia e Argentina seis.
Ivan quer investir mais tempo no jogo, concentrar-se na divulgação, melhorar o aspecto gráfico. “Tem tanto para evoluir. Quando este jogo conseguir ter mais participantes estrangeiros do que portugueses, dou-me por satisfeito”, revela. E não esconde que quer colocar os chineses a jogar.
O programador informático não deixou nada ao acaso. Os ingredientes conjugaram-se: conselhos do pai, ajuda da mulher professora de Matemática, o à-vontade nos códigos e fórmulas de programação. Tudo junto e o jogo acabaria por ver a luz do dia. E está lá tudo, todos os pormenores que dizem respeito ao mundo columbófilo.
Login feito, o jogador tem direito a um pombal com 10 pombos com características aleatórias de velocidade, persistência, resistência, entre outras. Além disso, recebe 1.500 unidades monetárias para gerir como quiser. É um mercado de pombos que já movimenta milhões de euros virtuais. E as taças, medalhas e anilhas ficam para a posteridade. “Todos os prémios que o jogador ganha ficam registados no seu currículo”. Tudo à borla.
In Público online.