sexta-feira, 29 de julho de 2011

A BANDEIRA

                                                                              Senhor, falta cumprir-se Portugal”

            Em 1143, Deus quis que Portugal existisse. Em fundo branco de pureza pintou uma Cruz azul, misturando a cor do Céu com a cor do Mar, encimou-a com uma coroa de ouro e ofereceu a Bandeira a Portugal. Os portugueses, a lembrar os reis mouros vencidos em Ourique, puseram-lhe cinco quinas e em cada uma, as cinco chagas de Cristo. Nasceu assim, a mais bela Bandeira do Mundo!

            Desde a sua fundação, Portugal, País Mariano, tem como padroeiro o Arcanjo S. Miguel. Curiosamente, os lugares dedicados a S. Miguel são coincidentes com os do culto do deus celta Endovélico, principal divindade da Lusitânia. As novelas de Cavalaria do “ciclo arturiano” (Bretanha), tem a sua origem nas lendas celtas.

            Santa Isabel de Aragão (1270-1336), Rainha de Portugal, mulher de D. Diniz, sobrinha-neta de Santa Isabel da Hungria, com o apoio do marido e a ajuda de franciscanos pouco ortodoxos, introduz o Divino Culto do Espírito Santo em Portugal.     Culto baseado no pensamento filosófico de Joaquim de Fiore (1135-1202), abade cistercense com fama de Santo, a viver isolado nas Montanhas da Calábria.

            Joaquim de Fiore, divide o “Tempo do Mundo” em três Idades:

-Idade do Pai, de poder absoluto e temor sagrado, que atravessa o Antigo Testamento.

-Idade do Filho, com a revelação da sabedoria Divina e o Novo Testamento. Era de Cristo, período em que ainda vivemos. 

-Idade que há-de vir com o advento do Império do Espírito Santo, com amor Universal, iluminação e igualdade entre todos os membros, perante o Corpo Místico de Deus.

            Por não obedecer á hierarquia imposta por Roma, em 1256 este Culto é condenado pelo Papa Alexandre IV (1254-1261)!

            O Divino Culto do Espírito Santo em Portugal, fixa-se em Alenquer, Sintra, Tomar, com a sua festa dos Tabuleiros, Lisboa, etc., mas é nos Açores que cria as suas verdadeiras raízes. Na primeira metade do século XV, franciscanos espiritualistas chegam aos Açores com os primeiros povoadores. Ali, formam comunidades isoladas ligadas a Irmandades deste Culto, que facilmente se libertam do poder hierárquico de Roma. Com arquitectura muito própria, surgem os famosos Impérios (Capelas) por todo o mundo açoriano. Com a emigração açoriana, o Culto do Espírito Santo espalha-se pelo Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, etc.   

            Em 1312, no Concílio de Viena, por instância de Filipe IV, o Belo, rei de França o Papa Clemente V (1305-1314) extingue a Ordem dos Templários. Pede o extermínio dos Cavaleiros e a transferência dos bens da Ordem do Templo para Roma! D. Diniz (1279-1325) e Jaime II de Aragão (1291-1327) não acatam a ordem. Em Portugal e Aragão não houve nem prisões nem morticínios! Com os bens da Ordem extinta, em 1317 Jaime II funda a Ordem de Montesa, D. Diniz em 1319 funda a Ordem de Cristo.

            Nos séculos XV e XVI, com a Cruz de Cristo desfraldada nas velas, Portugal descobre e evangeliza o Mundo.

            Fernando Pessoa diz, o Infante D. Henrique é:

                                              “O único imperador que tem, deveras,

                                                 O globo mundo em sua mão.”                                                    

            No século XVII, o Culto do Espírito Santo funde-se com o Culto do Quinto Império, criado pelo Padre António Vieira (1608-1697), que de mãos dadas anda com a crença do sebastianismo, tendo como precursor as Trovas proféticas do Bandarra (1500-1556). Da maior raridade, a Biblioteca de Coimbra possui uma primeira edição “Das Trovas do Bandarra”, oferecido pelo bibliófilo Visconde da Trindade quando legou á Biblioteca a sua preciosa colecção de livros antigos.

            Sobre Bandarra, Fernando Pessoa escreve:         “Este, cujo coração foi

                                                                                          Não português mas Portugal.”

            Ao invés do Quinto Império, os quatro Impérios anteriores eram terrenos, conforme a interpretação do sonho de Nabucodonosor descrita no Livro do Profeta Daniel (século VI a.C.). Para o Padre António Vieira estes Impérios são os Impérios Assírio, Persa, Grego e Romano. Para Fernando Pessoa (1888-1935) são: o Grego, o Romano, o da Cristandade e o da Europa!

            O Quinto Império, é o Império do Espírito, do Sonho, Fé, Caridade e Esperança.  

            Como diz Mário Máximo: “Padre António Vieira procurou-o na História do futuro. Fernando Pessoa procurou-o na História do Passado”.

           Segundo Rank, “mito é o sonho colectivo de um povo.” Povo que não tem lendas nem mitos é um povo sem raízes, sem memória. Que lendas bonitas Portugal tem!

            Só assim se compreende que hoje, ainda há quem espere o “Encoberto”!

            Os Cultos do Espírito Santo, do Quinto Império, ligados ao mito ou lenda de D. Sebastião, quer se goste ou não, fazem parte da tradição do povo português.   

            D. Sebastião foi educado nas glórias do passado. Além dos Lusíadas, decerto leu lendas de Cavalaria bretãs e a “Crónica do Imperador Clarimundo” de João de Barros, versão portuguesa daquelas lendas.

            Fernando Pessoa escreve:   

                                            “O sonho é ver as formas invisíveis

                                              Da distância imprecisa, e, com sensíveis

                                              Movimentos da esp’rança e da vontade

                                              Buscar na linha fria do horizonte

                                              A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte

                                              Os beijos merecidos da verdade.”

            Portugal, é o sonho do futuro!

            Portugal, tem de ser o exemplo da vontade e da verdade. 

            Com o Quinto Império a Bandeira Portuguesa, voltará a ter a coroa e as cores oferecidas por Deus!

                                                                       Fernando Mascarenhas Cassiano Neves

                                                                                  13 Junho de 2011

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